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Sopa de nabo sueco e problemas de expressão

Depois de sete anos a viver fora de Portugal começo a notar os primeiros problemas de expressão. Raramente me esqueço de como se escreve uma palavra, mas a minha escolha de vocabulário, expressões que uso, e principalmente a sintaxe, tanto da minha expressão escrita como oral, denotam já sinais de múltipla personalidade.

Quanto mais tempo passa, mais estranhas me parecem algumas palavras em português. A confusão piora quando quero usar palavras que aprendi em sueco ou inglês e que, embora tenham tradução na nossa língua, me soam estranhas. Sei que se diz “pecãs” e  “arando-vermelho”, mas acabo sempre, e admito que por teimosia, a escrever “pecan nuts” e “lingon” Há uns tempos começou a chamar-se à “butternut squash” abóbora manteiga, uma tradução que não consigo entender e que me leva a continuar a escrever, à falta de melhor, “abóbora butternut”.

Estes problemas de tradução voltaram a atormentar-me na receita e no post dehoje.

Com o frio e a escuridão entramos também na época dos “root vegetables” (tubérculos?). Esta é a altura das cenouras, nabos, beterrabas (vejam esta receita fantástica da Pammy  que está na Islândia), e do famoso Kålrot.

O kålrot  é um tubérculo, originário da Suécia e que surgiu do cruzamento entre a couve e o nabo. Tem um tom bastante mais amarelo do que o nabo vulgar, que eu detesto, e é muito popular e saudável entre os suecos, que nesta época o consomem assado, em sopa ou purés. O sabor é, comparado com o nabo vulgar, menos agressivo e mais doce e leve.

Em inglês a este legume chama-se “Swede” ou “yellow turnip”, e como não encontro tradução para português, penso que “nabo sueco” será uma boa opção. O que acham?

Para vos apresentar a este ingrediente, fiz uma sopa de Inverno, inspirada em sabores e aromas “Earthy” (?). Nabo sueco, cenouras, cominhos, funcho e uns cubinhos de fiambre fumado para servir com esta deliciosa sopa que por si só é uma refeição saudável e muito completa.

Ingredientes:

  • 1 nabo sueco ( ou 1 nabo português)
  • 1 couve-flor pequena
  • 1 talo de funcho
  • 1 cebola pequena
  • 1 cenoura média
  • Sal e pimenta
  • Cominhos
  • Fiambre fumado em fatias grossas
  • azeite
  • Ervas frescas para decorar

Preparação:

Descasquem e cortem em pedacinhos pequenos todos os vegetais. Cozam-nos em água com sal. Quando estiverem quase prontos, retirem alguns cubinhos de nabo e cenouras, escorram-nos e reservem. Terminem de cozinhar os restantes vegetais. Temperem com pimentas e cominhos, acrescentem um fio de azeite e passem a sopa usando um copo misturador ou a varinha mágica.

Numa frigideira coloquem o fiambre cortado em cubinhos e os pedacinhos de cenouras e nabo que reservaram, salpiquem-nos com mais   cominhos e fritem-nos  num pouco de azeite até estarem dourados.

Sirvam a sopa quentinha com o fiambre e vegetais salteados e decorada com um  pouco de ervas aromáticas frescas picadas.

24 opiniões sobre “Sopa de nabo sueco e problemas de expressão

  1. Ana,
    Am fim de muitos anos lá cnsegui começar a comer nabo, mas até há bem pouco tempo achava-o intragável.
    A tua sopa está tão cremosa…bem como eu gosto e os legumes e o fiambre alourados no azeite dão-lhe um ar suculento. Mesmo apropriada para os dias frios que aqui começam a chegar.
    Beijinhos

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  2. Nabo sueco parece-me uma boa “tradução”, isto se se não levar para o segundo sentido 😉
    Qto ao teu problema de lingua….alia isso também ao passar do tempo na tua vida (fica uma boa maneira de dizer, não fica?!!)
    Beijinho e a sopa está deliciosa
    🙂 🙂

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  3. Ana, não é de admirar que tenhas já algumas dificuldades com as traduções, pois 7 anos não são 7 dias!!!
    Eu estive 7 anos no Alentejo e houve palavras características da minha terra que me esqueci. Depois de cá chegar e começar a falar com os miúdos na escola é que me apercebi… achei muita graça! 🙂 E não saí de Portugal,lol…
    Bem, mas o mais importante é que continues a partilhar todas essas novidades connosco, pois assim aprendemos também!
    Gostei muito da tua sopinha, bem quentinha sabe muito bem nessa época que só apetece comida reconfortante.

    Beijinhos

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  4. Que engraçado, essa perda de vocabulário. Há um distanciamento da língua e da frequência com que a falas, por isso é natural… já agora, pensas em português? ou em sueco ou inglês?…
    Nabo sueco parece-me muito bem: o nome e a descrição. Eu já gosto do bravo, por isso desse devo gostar muito!
    Babette

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    1. Olá,
      Em casa falamos Swenglish 🙂 Como nos conhecemos em inglês, nunca conseguimos falar das nossas coisas privadas em sueco. Penso em português ou sueco, dependendo dos assuntos, estranho bem sei…
      Não tenho amigos portugueses aqui, não conheço portugueses nem brasileiros. Só falo em português com a família pele telefone e aqui convosco.
      O meu marido faz uma coisa fantástica, sonha alto em inglês! Eu por vezes respondo em sueco e ele continua em inglês, estranho n é?

      bjs

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  5. Oh Ana como eu te compreendo.. Às vezes sai-me cada palavrão! Especialmente porque trabalho diariamente com 3 línguas + o nosso portugues! Enfim! Acho que já vi esse nabo por cá, também dá para comer cru não?
    A tua sopinha vem mesmo a calhar… Este tempo só pede sopinhas boas 🙂
    Bom resto de semana*

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  6. olha, minha linda, eu não me importava nada de ter estes problemas de expressão. Isto quer dizer que a menina conhece muitas línguas e continua a escrever muito bem em português, não é nenhuma “naba”.

    Quanto à sopinha … deve estar boa.
    Bjs

    Bjshttp://www.youtube.com/watch?v=ZKIj8PKII6g&feature=related

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  7. Parecem-me muito bem, a sopa e a tradução. 🙂 Adoro sopas cremosas. O “nabo sueco” é de facto bem semelhante ao nosso nabo, mas com uma cor mais amarelada. É sempre bom aprender mais um pouco sobre novos ingredientes.
    Beijinhos!

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  8. Esta sopa parece maravilhosa, Ana! E quanto à língua, a globalização está aí para ninguém deixar de entender, não é mesmo? Mas entendo perfeitamente o que você quis dizer 🙂

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  9. Que maravilha de sopa Ana! Gostei de conhecer o nabo sueco (boa tradução!). É normal haver alguma dificuldade me certas expressões, já são muitos anos fora de Portugal. Eu tenho de falar diariamente inglês e português e por vezes também me baralho 🙂
    Um beijinho.

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  10. Ana,
    Sei o que essa dificuldade é e não estive fora 7 anos. Só uso fluentemente 2 línguas e mesmo assim meto os pés pelas mãos de vez em quando. Já a sopinha parece-me lindamente! Esse nabo sueco não se encontra muito por cá. Infelizmente, porque gosto bastante do sabor. No mercado, onde aparece muito esporadicamente chamam-lhe “rutabaga”… Ainda assim acho que prefiro nabo sueco!! 😉

    Um beijo*

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  11. Olá Ana, encontrei teu blog num blog de viagens onde respondeu uma pergunta e publicou teu endereço.
    Meu nome é Liliana e sou brasileira.
    Bom, gostaria de saber se tu podes me ajudar, sou confeiteira e queo conhecer a europa no final de fevereiro, sei que vou certo para Paris, Amsterdã e Berlim, vamos eu e meu namorado ele produz linguiças artesanais, e como vejo que conhces de comida, gostaria de saber se tu tens dicas de outras cidades legais para cozinheiros irem conhecer…
    Grata

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    1. Liliana,
      Obrigada pela visita.
      Não vou sugerir Portugal pq até me parece mal, mas em termos de enchidos e doces, ias certamente gostar de conhecer várias cidades do país. Penso que não podes perder a Bélgica, onde se come muito bem, e a terra da melhor cerveja e chocolate do mundo, se puderes passar por Bruges, penso que vais adorar.
      Para pedires mais sugestões podes tb ir a foruns como o http://www.anossavida.pt onde certamente outras pessoas te podem ajudar a escolher mais cidades para visitar.
      Espero que passes umas boas férias por aqui.

      bjs

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  12. Olá Ana,

    Já há uns dias que não visitava o teu blog e encontrei tantas coisas boas e bonitas.
    Como gosto muito de sopa, fiquei logo de olho na sopa de nabo. Deve ser um consolo para atravessar os meses de escuridão!
    Por cá (Brasil) não temos esse nabo, mas pelo sabor que descreves, penso que pode ser substituído pela mandioquinha. É cremosa, amarela e com um doce suave. Boa tanto para sopa como para fazer um puré (em vez da batata).
    Bom resto de fim de semana para ti.
    Bjnhos

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  13. A tua sopa e os problemas de expressão “prenderam-me” a este teu post 😉 Quanto à 1ª, encontrei algumas explicações na net, incluindo a tradução alternativa “couve-nabo-sueca”. Se bem percebi, não é o mesmo que o “Kohlrabi” alemão, mas aqui no retângulo à beira-mar plantado nunca vi nem um nem outro 😦
    Ora espreita:
    http://www.bbc.co.uk/blogs/portuguese/amesa/2010/05/o-nome-do-nabo.html

    Quanto ao 2º assunto… Ossos do estrangeiro, para não dizer “do ofício”… Sentia exatamente a mesma coisa ao fim de 7 anos na Alemanha, mas foi aí que regressei… Mas julgo que é uma questão que não tem remédio! No entanto, com a globalização, também me sinto (ainda) estrangeira na minha própria língua, apesar de ter regressado há muito; aqui vou descobrindo produtos que só conheci lá e continuo a aprender palavras novas… Eis a riqueza de uma língua: é um ser vivo 😀
    Ah, e quanto aos sonhos, continuo a sonhar em alemão… mas também em italiano, em inglês e, claro, em português… deve ser porque são simplesmente as línguas que mais aprecio!

    Boa semana e obrigada pela excelente(s) partilha(s)

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  14. Olá Ana,
    A única vez que me confrontei com problemas de expressão foi depois de passar 3 meses na Alemanha, fui para lá aprender alemão, mas acabei a falar uma panóplia de línguas, tinha colegas dos 4 cantos do mundo e nenhum que falasse português. Quando lá cheguei só falava português, francês e arranhava o inglês com muito esforço, saí de lá com grandes conhecimentos de alemão e castelhano, falados e escritos e umas noções básicas de italiano e palavras soltas de russo e árabe 🙂 Escusado será dizer que ao fim desse tempo no regresso a Portugal o meu português não fluía e de vez em quando saiam uns disparates brutais.
    Quanto à sopa, não conhecia esse nabo, mas o nome que lhe deste parece-me muito bem, e a sopa também 🙂
    Bj

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  15. Eu que gosto tanto dos “root vegetables” que agora chegam, achei a tua solução para este problema de expressão muito inspiradora: nabo sueco é muito bom! 🙂
    A sopa parece-me perfeita para os dias de Novembro.

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