Peixe · vegetais e outros acompanhamentos

À descoberta de antigos amores

Quando vivemos durante muito tempo longe do local onde crescemos, tornamo-nos aos poucos turistas na nossa terra. Há pessoas na televisão que não conhecemos, não percebemos metade das piadas e historietas que se contam e invariavelmente acabamos perdidos pelas ruas da nossa cidade.

Mas esta sensação de quase desenraizamento, tem também as suas vantagens. Tudo o que esquecemos, tudo o que durante anos nos foi demasiado próximo para que o pudéssemos notar,  se transforma  numa excitante e fantástica descoberta. Uma varanda de ferro forjado na rua por onde costumávamos passar todos os dias, as caixas de fruta à porta da mercearia, o design e cor das caixas de Nestum com mel.

Com a  comida a experiência é semelhante, e em cada prato esquecido há a redescoberta de uma infinidade de sabores e memórias que por instantes voltam a ganhar vida.

Numa das nossas últimas visitas a Portugal, deliciamo-nos com  o que para mim foi o reacender de uma velha chama, e para o viking  a descoberta de um novo amor: peixe frito e arroz de feijão. E embora no nosso dia-a-dia não tenhamos por hábito comer  fritos, para um almoço de fim-de-semana, comido sem pressa nem preocupações,  o sabor deste peixe bem temperado e estaladiço combinado com  o arroz acabado de fazer e ainda húmido e escorregadio, é um luxo de que não abdicamos.

Desta vez fiz usei feijão preto e chili fresco, mas outro dos nossos favoritos é o arroz de feijão vermelho com poejos que trago de Portugal. Como um dia não são dias, tempero bem os filetes e pano-os a sério, mas se não gostam ou não podem comer o peixe preparado desta forma, vejam esta opção super saudável e igualmente deliciosa.

Ingredientes (2/3 pessoas)

Peixe:

  • Filetes de peixe branco
  • 1 dente de alho picado
  • Sumo e raspa de 1 limão
  • Sal e pimenta
  • Chili fresco
  • Pão ralado
  • 1 ovo batido
  • Farinha
  • Óleo para fritar

Arroz:

  • Uma cebola pequena picada
  • 1 fio de azeite
  • 1 dl de arroz
  • 2 dl de feijão preto cozido
  • Sal e pimenta
  • Chili fresco

Preparação:

Algum tempo antes de preparar a refeição, temperem os filetes com o alho, o limão, sal, pimenta e um pouco de chili e reservem.

Escorram bem os filetes, passem-nos por farinha, depois pelo ovo batido, e finalmente pelo pão ralado. Disponham os filetes prontos a fritar num prato, e prepararem entretanto o arroz.

Num tachinho amoleçam a cebola com o azeite e chili, cuidado para não queimar. Acrescentem o arroz e fritem até estar translucido. Juntem a água a ferver, temperem,  misturem o feijão. Tapem o tacho e cozinhem em lume baixo/médio durante 8 minutos.

Aqueçam numa frigideira um pouco de óleo, uma altura de um dedo é o suficiente. Não aqueçam demasiado o óleo, eu mantenho o lume médio. Com cuidado coloquem os filetes na frigideira, virando-os quando estiverem dourados. Depois de prontos, coloquem-nos num prato forrado com papel absorvente.

15 opiniões sobre “À descoberta de antigos amores

  1. Ana, sei bem do que falas. Apesar de o país ser o mesmo, sinto isso com a aldeia da minha onde eu praticamente passei toda a minha infância.
    Hoje dou por mim a apreciar os detalhes que por lá (re)descubro, a adorar as casas de pedra que na verdade sempre existiram e inclusivé a usurpar antiguidades da casa da minha avó que antes achava velharias e hoje acho preciosidades.
    E quanto a esse prato, confesso que também me faz as delícias 😀 Este fim-de-semana estive pelo Norte e fiz como tu, e porque um dia não são dias, refastelei-me com folar a sério, e umas belas alheiras fritas como elas pedem.

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  2. É um facto, cá em casa não se comem fritos. A única garrafa de óleo que existe é para colocar em algumas receitas de bolos ou pão mas principalmente para untar formas de silicone quando as massas começam a pegar.
    Mas gostei da ideia dos filetes de peixe panados como os de carne: normalmente os restaurantes servem os filetes de peixe fritos que foram passados por ovo e farinha. Os meus pais contam sempre que a minha avó paterna fazia os melhores panados do mundo, que a “casquinha” nunca se partia 🙂

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  3. Ana, também cá em casa não há o hábito dos fritos, mas sempre que me apetece faço-os e delicio-me sem preconceitos 🙂 A última “asneira” que fiz foi fritar linguiça regional com inhame…humm e para acabar a desgraça um ovo estrelado 😉 Cheia de vergonha nem publiquei, mas era merecedor disso porque é tradicional e bom 🙂
    Gostei imenso do peixinho frito, mas fiquei a babar com o tachinho de loiça 🙂 Adoro 😉

    Beijinhos

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  4. Adoro peixe frito, mas também não é um hábito cá por casa, embora me pareça que o grande pecado dos fritos está, a maioria das vezes, na qualidade (ou falta dela) dos óleos usados. Seja como for fritos são uma raridade, nem tenho fritadeira, por isso quando os faço é do modo tradicional o que significa cheiros e sujeira no fogão. Mas como as regras são feitas para se quebrarem, de vez em quando não resistimos a um carapau ou uma petinga com arroz de feijão ou de tomate. Uma verdadeira delicia. O teu peixinho está com um aspecto absolutamente delicioso. Por acaso hoje vamos jantar peixe, mas vai ser cozido 😦
    Beijinhos

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  5. aiiii peixe frito com arroz de feijão ( ou arroz malandrinho de tomate )
    hmmm adorei!
    Mesmo sem ter saído do país, dou por mim por vezes a descobrir certos pratos e sabores que desconhecia 🙂 e basta sair da nossa região para outra para descobrirmos imensas iguarias típicas deliciosas 🙂 um beijinho

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  6. Também me sinto assim… A falta que Portugal me faz… A minha serra, as casas velhas de granito; as minhas árvores de fruto, e toda a abundancia de iguarias típicas…
    Bem lembro do peixinho frito com arroz de feija*o, nunca faltava lá em casa! Tenho de voltar a fazer um dia destes!
    Bejinho e tem um resto de boa semana*

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  7. Ana,
    uma das comidas que mais gosto é ´peixinho frito (quer seja jaquinzinhos ou outro tipo) com um arrozinho malandro!
    Ai, sabe tão bem 🙂
    Quando estive fora do país, sentia tantas saudades de pequenas coisas da nossa comida tradicional portuguesa, por isso sei bem o que sentes.
    Não temos por hábito fazer fritos em casa, mas que sabe bem sabe, de vez em quando.
    Um beijinho.

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  8. Ana, das duas vezes que estive fora de Portugal (e foi por pouco tempo) senti bem isso que descreves. Quando se volta parece tudo estranho, tudo novo. E fazem-nos falta as pequenas coisas, o que é a nossa tradição. Aqui por casa é raro entrarem fritos, mas se há peixinho frito, tem de ser acompanhado com um belo arroz de feijão. E esse teu peixinho tem cá um aspecto! As fotos estão lindas 🙂
    Beijinho

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  9. MUITO RARAMENTE SE COMEM FRITOS AQUI EM CASA, MAS POR ACASO HOJE O JANTAR FORAM FILETES COM ARROZ DE FEIJÁO E NO ARROZ ESTAVA LÁ MEIO CHOURIÇO DE CEBOLA ,COISA QUE ADORO MAS QUE JÁ NÃO COMIA HÁ MUITO.
    MAS COMO SÓ É DE VEZ EM QUANDO NÃO FAZ MAL…
    GOSTEI DA TUA SUGESTÃO ESTA MESMO UMA DELICIA.
    BJS

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  10. sim,sim,sim! arroz de feijão assim à malandrinho com filetes.tenho aqui uma caixinha de Nestum c Mel mas so posso comer uma vez por mes..q é p ver s dura um ano. ahah
    PS: tou a adorar o paozinho com o starter..fico mm orgulhosa 🙂 tenho q tirar umas fotos para colocar no blog, stay tuned! 😉

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  11. Ana, de facto os fritos não são para serem comidos em exagero, tal como qualquer outra comida ou modo de a fazer, deve ser comida com moderação. Mas que filetes com arroz de feijão é das minhas comidas favoritas ,lá isso é!
    Gostei imenso.
    Beijos
    Maria

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  12. Olá Ana:)
    Esse é um dos meus clássicos preferidos de sempre, uns belos filetes panados! E com um arrozinho de feijão maravilhoso como esse, fazem uma refeição capaz de me deixar nas nuvens! Ai que saudades, tenho que fazer um dia destes!! E concordo, um dia não são dias e se comermos algo frito uma vez por outra também não há-de ser nada de grave…!
    Nunca passei por essa sensação de me sentir turista na minha própria cidade, embora por vezes dê comigo admirada a apreciar pormenores que nunca tinha notado antes, mas imagino que isso para ti seja como um redescobrir constante das memórias que tens, querendo absorver tudo o que podes e guardá-lo contigo até à próxima visita…
    E a comida é sempre uma excelente forma de reavivar e reviver recordações 🙂
    Um grande beijinho e claro que terei uma enorme honra por receber uma edição do teu brilhante desafio na minha cozinha, obrigada pela confiança! 😀

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  13. É um clássico que conta com a simpatia de todos( ou quase todos). Também evitamos os fritos, mas uma vez por outra, faz-nos bem recordar paladares vividos, capazes de nos transportar a sitios, e pessoas.
    Beijinho e bom fim de semana.

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