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Skype, tecnofobia, cubo mágico e torta de ervilhas

A minha mãe, de quem vos falei há uns anos no post sobre uma história de terror (mãe, carrega em história de terror, está a azul, é uma ligação para outra página.), descobriu este domingo e via skype que eu tenho um sítio online onde escarrapacho a minha vida.
Será que eu em cinco anos, e vá dando o desconto do tempo em que a padaria esteve fechada, nunca lhe disse que tinha um blogue? Duvido.
A conversa foi a seguinte:
Mãe – Então estás muito cansada? Pareces cansada…tens uma borbulha no nariz já viste? ( como se não tivesse espelhos em casa…) Tens trabalhado muito? Como vai o restaurante? Trabalhaste ontem? O teu rapaz? Estás a descansar? O que estás a fazer?
Eu- Se lesses o meu blogue sabias tudo….
Mãe- E onde é que eu leio isso?
Eu- Chama o pai….

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A minha mãe sempre foi um pouco tecnofóbica. Bem, para vos ser honesta, não sei se é tecnofobia se a grande dificuldade que tem em admitir que não sabe fazer tudo e que há coisas que alguém tem de lhe ensinar. Talvez seja apenas avessa a coisas novas.

Explico-vos. A minha mana e eu fomos as últimas miúdas a ter um cubo mágico, e foi o nosso pai que o comprou num sábado de manhã de compras na baixa, (na casa da borracha ou dos pneus, não me lembro o nome). A mãe claro foi contra, irritava-se com o som do cubo, e num dia que a minha mana e eu lutávamos pelo objecto, abriu a janela e atirou-o borda fora.

Eu fui com o meu pai (que tem uma paciência de Jó) na manhã seguinte desencantar o cubinho plantado entre as alfaces de uma hortinha que um vizinho tinha por essa altura nas nossas traseiras.

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Até ao momento em que, penso que para nos provar o quão fácil era completar o quebra-cabeças, pegou no cubo. A minha mãe que em termos de teimosia/determinação é cem vezes pior do que eu, já não o largou. A minha mana e eu fomos proibidas de tocar no brinquedo, a minha mãe comprou um livro para aprender a resolver o cubo e passava todos os momentos livres agarrada a ele.
Noite após noite, adormecíamos com o som do qqqrrrr qqqqrrrr vindo do quarto dos meus pais, a minha mãe, na cama, de livro e lápis na mesa de cabeceira, cubo nas mãos.
Acordámos uma vez com os seus gritos “Consegui, consegui!”.
O cubo foi posto na estante, um monumento à enorme tenacidade da minha mãe, o Oscar da sua determinação.

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A minha mãe não parece muito entusiasmada com o facto de eu partilhar a minha vida com os meus leitores, tal como foi contra a minha mudança de carreira, imagino que também não goste de blogues, mas se bem a conheço isto não vai durar.
Daqui a pouco tem um blogue maior do que o meu, vai começar a acordar às seis da manhã para ter tempo de cozinhar e fotografar com boa luz. Mais ninguém terá acesso ao computador, e ninguém poderá tocar na comida antes das fotografias serem aprovadas.

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Domingo, enquanto conversávamos, tinha eu esta torta no forno. Gosto imenso de comer salmão com ervilhas, e ando a imaginar formas e receitas diferentes com esta combinação, esta é apenas a primeira.
Esta torta é leve e macia, e pode ser servida como uma entrada fria, ou prato principal acompanhada de mais ervilhas e um pouco de queijo fresco e óleo de endro ou menta.

Torta de ervilhas com salmão fumado e queijo creme

Ingredientes: (4 porções)
Torta:
100 gramas de ervilhas congeladas
3 ovos
50 gramas de farinha
4 colheres de sopa de água
S&P

Recheio:
Salmão fumado
Queijo creme

Para acompanhar
Ervilhas
Queijo creme
Óleo de endro ou menta

Preparação:
Aqueçam o forno a 150°C. Forrem um tabuleiro com papel vegetal e barrem-no com manteiga.
Cozam as ervilhas em água com sal. Escorram-nas e coloquem-nas em água gelada para manterem a cor. Triturem as ervilhas com a água e as gemas. Misurem a farinha peneirada e as claras batidas em castelo. Temperem com sal e pimenta. Coloquem o preparado no taubuleiro, alisem e levem ao forno durante aproximadamente 15 minutos, verifiquem se a torta está pronta com um palito, como se fosse um bolo normal.
Retirem a torta do forno. Eu costumo enrolar a torta imediatamente sem recheio, deixar arrefecer e depois cuidadosamente desenrolo a torta, coloco o recheio e volto a enrolar.
Sirvam com ervilhas e queijo creme.

12 opiniões sobre “Skype, tecnofobia, cubo mágico e torta de ervilhas

  1. Eu tenho uma família que é exactamente o oposto, estão quase tão actualizados quanto eu – o meu avô até diz que vai para o lar desde que possa levar a sua “tablete” com os seus filmes. O único se-não é não compreenderem que o que metem online é tão ou mais público do que se o gritassem a plenos pulmões na baixa!
    Tenho uma enorme aversão a ervilhas desde que me lembro mas, de uma forma ou de outra, elas acabam por aparecer cá em casa e nunca sei como as usar. Parece-me que esta é a solução! Vou ter de experimentar.

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  2. Fantástico! Esta receita não me escapa, adoro tortas, ervilhas e salmão. Nunca os imaginei juntos, mas agora que falaste desta combinação, não descanso enquanto não a experimentar.
    Achei graça à história da tua mãe, a minha nunca mexeu num computador, nunca viu o meu blog, mas recomenda-o a toda a gente, aos vizinhos, à médica de família, à fisioterapeuta, à caixa do supermercado, enfim a toda a gente com quem se cruza e depois trás-me o feedback, tipo: fulana gostou muito da tua receita de arroz de pato ou do bolo de chocolate, etc. E outro dia questionou-me porque é que eu ainda não tinha publicado a receita dela de arroz de polvo … LOL
    Bj e as melhoras do Viking

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  3. Está explicada a fonte da tua determinação/teimosia/dedicação/etc/etc/etc 🙂

    Faça minhas as palavras da Manuela e nunca tinha imaginado as ervilhas com o salmão, mas gostei muito da ideia, principalmente da maneira como a apresentaste. A ideia da torta é fabulosa.
    Beijinhos
    Marta

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  4. Olá Ana!
    Espero que tudo melhore por aí! Do lado de cá do mundo está um calor infernal (os Florentinos estão escondidos no frigorífico para não derreterem em segundos…) e nem me apetece ir jantar … Mas se tivesse aqui essa torta, assim com uma salada fresquinha, chamava-lhe um figo! Gostei da combinação das cores e fico aqui a matutar na combinação de sabores. Grande ideia!
    Bjnhos

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  5. Sabes, a minha mãe é exatamente como a tua. Também não fica entusiasmada com o facto de eu partilhar a minha vida com a blogosfera, mas ela tem consciência, e eu também, de que tudo o que escrevo e fotografo pode ser lido e visto sem ferir a privacidade da família, especialmente quando existem crianças. Agora ela até já tem perfil de facebook e esse facto tem-me dado muito trabalho pois está sempre a telefonar-me para saber como se faz isto ou aquilo (como se publica uma foto, por exemplo). Endoideço com ela por vezes. Até me diz que não sabe como gosto tanto da cozinha. Não saio a ela de certeza.Nem ao meu pai. Sou bicho raro, portanto.
    E fiquei maravilhada com esta torta de um verde sublime. Adoro ervilhas. Faço uma de bacalhau parecida, mas leva feijão verde. Nunca me atrevi a desenrolar uma torta depois de a ter enrolado. Fico sempre com medo que se parta. Agora deste-me coragem para experimentar isso.

    beijinhos

    Patrícia

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  6. Olá Ana,
    O que me ri com a história do cubo mágico e o grr grr que fazia, lol!
    Olha, a minha mãe é precisamente o oposto da tua. Acho que nem um computador sabe ligar e não liga nada a tecnologias. Para usar telemóvel já foi um grande passo e mesmo assim, tem de ser do mais básico possível.
    Amei esta tua torta e vai directa da tua cozinha para a minha, pois tem tudo o que adoro!!
    Um beijinho,
    Lia

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  7. Ana, espero que a tua mãe leia os comentários. É que, à excepção do episódio do cubo (e do facto de teres uma irmã, porque sou filha única) parecia que estavas a falar da minha mãe. O meu pai diz que a minha mãe é uma tecno-excluída. O meu pai também tem uma paciência de Jó.
    Dona Mãe da Ana, conhece a minha mãe (Orquídea Gomes)? É que parecem gémeas 🙂

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  8. Adorei a história do cubo Ana!
    A minha mãe é um bocado tecnofóbica, mas lá se desenrasca, foi aos poucos.
    Mas lê sempre o meu blog e outros quantos que adoramos, e já consegue mandar mensagens pelo telemóvel (imagina!! hehe).
    Essa torta está perfeita, adoro as cores e deve ser tão macia. Sabores perfeitos!
    Um beijinho.

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  9. Não é azul, é meia acastanhada, só fica azul depois de se carregar… Estás a induzir a tua mãe em erro! 😛
    Aaaah não acredito, comeste mesmo a marmelada com as formigas?! Nããão 😛 Eu não conseguia! A sério, é mesmo uma história de terror 😛
    Hah a minha mãe está a par das tecnologias, tem 40 e tal anos (não especifico mas não é de todo porque não sei 😉 ), mas a minha avó acha imensa piada que eu conte histórias sobre ela no blog e lhe diga, quando posto no facebook, «500 pessoas viram o meu pequeno-almoço» 😛 Quando eu estou com ela pergunta logo: Quantas pessoas viram o teu pequeno-almoço? hahaha 🙂
    Os cubos mágicos fazem barulho? Eu já tive um (deu-mo a minha tia, também nunca tinha tido) e não é muito barulhento… Se calhar tinhas de pôr óleo! Hahaha 😛
    Que história tão gira! O cubo exige muita técnica, é que até pode parecer que só falta um bocadinho mas se não estiver feito da maneira certa é preciso começar de novo… Frustrante! Parabéns à tua mãe, é o meu ídolo dos cubos mágicos 🙂
    (tens a quem sair, tens… 😉 )
    Olha, depois queremos o link desse futuro blog da tua mãe, diz que a avelã vai ser a fã nº 1 e que queremos historinhas sobre a Ana em criança hahaha 🙂
    Salmão com ervilhas é moda? Nunca comi… Com queijo creme soa mesmo bem 😀

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