Quando vivia em Portugal, lembro-me que trazer almocinho de casa para o trabalho, era sinónimo de pobreza ou pelo menos, algumas dificuldades financeiras. A recusa de se acompanhar o grupo de colegas ao restaurante da esquina para devorar o prato do dia em meia hora e voltar ao trabalho a tresandar a batatas fritas, era invariavelmente recebida como olhares de comiseração. Ela não vem? Não coitada, sabes como é…
Fora do país do fazer ver, sabia eu bem que o hábito da marmita nunca se havia perdido. Por que motivo passaram os portugueses a preferir um panado comido de pé encostados ao balcão, a uma caixinha de comida caseira, é algo que nunca compreendi.

Há uns anos só quem se estivesse perfeitamente marimbando para o que era ou não socialmente aceite, tinha a coragem de levar a marmita de casa, hoje em dia, marmitar está na moda. A mim cheira-me que em alguns casos esta é um tendência mais ditada por necessidades económicas do que por preocupações com o tipo de alimentação que fazemos, e que quando as vacas voltarem a engordar, a maioria dos marmiteiros vai voltar ao bitoque com ovo a cavalo…mas até ver…marmitemos. (Estarei errada? O que pensam? Pergunto-me por vezes se a imagem que tenho de Portugal corresponde ainda à realidade…)
Convencer o viking a levar almoço para o trabalho não foi uma tarefa fácil, habituado a morar sozinho, tinha por hábito almoçar fora todos os dias e jantar em casa apenas umas wasa e fruta com chá. Com a minha chegada, o frigorífico encheu-se de legumes e produtos frescos, os tachos começaram a ser usados, e passou a haver refeições em casa e na marmita.

Eu nunca como mais do que fruta, iogurtes ou sopa ao almoço e portanto todas as marmitas que faço são para o viking que desde que começou a levar o almoço de casa até já perdeu peso! Já partilhei convosco algumas receitas que podem ser transformadas em marmitas, são sempre refeições leves mas que deixem o viking satisfeito.
Ao contrário de muitas pessoas que levam na marmita o jantar da véspera, eu cozinho especialmente para as marmitas, em quantidades grandes que congelo já em doses, usando ingredientes e receitas que:
- congelem bem (não sequem demasiado, não percam o sabor e consistência originais)
- sejam baixos em hidratos de carbono simples (queremos uma refeição que nos dê energia, não sono)
- cheirem bem e estejam apresentáveis depois de aquecidas

Este peixe com pimentos é tão tão delicioso e aromático que o viking não resistiu e me pediu este domingo para comer a marmita em casa ao jantar. (Duas doses da marmita não chegaram a ver o interior de uma caixa) Uso torsk ou cod certificado pelo MCS, (da família do bacalhau, m sem ser salgado), mas podem preparar a receita com outros peixes do mesmo tipo.
Ingredientes (3 marmitas tamanho viking)
- Lombos de peixe
- 1 pimento vermelho
- 1 dente de alho
- 2 bolbos de funcho
- 2 caixas de tomates cereja
- 2 pimentos amarelos
- 4 colheres de sopa de azeite
- Sal e pimenta
Preparação:
Coloquem o funcho partido em pedaços num tabuleiro, temperem-no levemente com sal, salpiquem com azeite e levem ao forno aquecido a 150ºC. Passados 10 minutos acrescentem os pimentos amarelos.
No processador de alimentos piquem o alho com o pimento vermelho, sal, pimenta e o restante azeite.
Quando os legumes estiverem quase tenros, retirem o tabuleiro do forno, juntem os tomatinhos e agitem bem para que todos os ingredientes estejam misturados. Ao centro do tabuleiro abram uma pequena área para colocarem os lombos de peixe, previamente temperados com sal e pimenta. Cubram os lombos de peixe com o puré de pimento vermelho. Levem o tabuleiro ao forno (180ºC), até o peixe atingir uma temperatura de 45ºC, o que no meu forno e com o tamanho dos lombos de torsk demorou pouco mais do que 10 minutos. Tenham cuidado para não deixar o peixe cozinhar demais, não se esqueçam que ao aquecê-lo no micro ondas vais secar um pouco mais.
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