Este é um post que me tem custado escrever e é agora a menos de duas semanas de mais uma prova que finalmente me forcei a sentar e registar como correu a segunda parte do TDS do ano passado.
Com o Pedro no quarto ao lado a tentar descansar e o viking também a dormir, eu fui a primeira a acordar, eram talvez três da manha. Preparei-me e preparei o pequeno almoço para os rapazes e a nossa marmita. A geleira que lavávamos no carro estava a estoirar de comida e bebidas, mais as inúmeras latas de red bull para o Pedro e o Magnus.
Acordei o Magnus e à última da hora o meu mano.
Carregámos com a geleira e a mochila de apoio, metemo-nos no carro e partimos rumo a Courtmayeur em Itália via túnel do Mont Blanc.
A viagem foi feita em quase completo silêncio, o Pedro ainda dormiu, comeu uma banana e bebeu red bull, eu temi pelo estado do seu estômago antes de começar uma prova de 120 kms, mas calei-me e bebi antes o meu café.
Chegámos a Courtmayeur ainda era noite cerrada, havia já imensa gente, música, corredores e apoiantes, mal conseguimos estacionar o carro!
Despedimo-nos do meu mano, fomos para um lugar onde o pudéssemos ver passar, e ele lá foi para a zona de partida.
Assim que o Pedro passou por nós, tentámos voltar ao carro, o que foi difícil porque já não sabíamos onde tínhamos estacionado e não conhecíamos a cidade. (isto é incrível, uns correm 120 kms por trilhos nos alpes, outros perdem-se no caminho de volta ao carro.)
A maioria dos assistentes de corredores estrangeiros usam um autocarro que faz o percurso da corrida e leva também os corredores a Itália ou os traz de volta de Chamonix caso tenham de abandonar a prova.
Para acompanhar o Pedro seguimos de carro o percurso do autocarro visto haver zonas dos Alpes por onde a prova passa que não têm estradas!
Guiámos para o primeiro encontro com o Pedro para Col du Petit Saint Bernard. Foi uma parte do dia magnifica, vimos o Sol nascer, recebemos as primeiras SMSs a dar conta da passagem do Pedro pelos postos de controlo.
Col du Petit Saint Bernard é uma vilazinha do meio de nada, e tao isolada que o acesso fecha ao transito durante o Inverno. Chegámos ainda umas horas antes da passagem do Pedro, mas o café local estava já a servir os assistentes e voluntários desta passagem.
Bebemos café, aplaudimos os primeiros atletas e dormimos uma sesta no carro.
O Pedro passou por nós fresco e bem disposto, ainda caminhámos um pouco com ele, perguntámos se precisava de alguma coisa extra para o próximo posto e cheios de orgulho voltámos ao carro.
Próximo encontro era em Bourg Saint German. Isto até vos vai parecer mentira, mas ele chegou ao posto a correr mais rapidamente do que nós de carro. (o facto de não conseguirmos estacionar de estarmos perdidos na cidade não ajudou.)
Estávamos nós a tentar encontrar a tenda de apoio (esta era uma paragem onde podíamos dar-lhe comida e bebida fora da fornecida pela organização) quando recebemos a mensagem de que ele já tinha chegado.
Desta vez entrei eu para a zona de apoio. Não quis comer, bebeu red bull trocou de roupa e encheu os bolsos da mini mochila com mais gel, trocou de baterias, e estava pronto para a próxima etapa.
Neste posto o Pedro estava já com alguns amigos, uma menina também a fazer assistência, um participante a reclamar do calor e a insistir que ia parar porque a próxima etapa ia ser má. Estávamos aqui já ao km 51!
“Vais ali e enches a garrafinhas dele, há umas senhoras com mangueiras.”
O Pedro mal descansou, eu que por esta altura já sabia o percurso de cor, lá lhe indiquei tempos e distancias, e combinamos encontrarmo-nos dai a 15kms em Cormet de Roselend.
E com o dia a meio, 50 kms já percorridos um mano a caminho da próxima paragem de apoio e um viking a pedir comida, termina esta primeiro post dedicado ao TDS.
Não percam no próximo episodio:
Corações apertados, frio e escuridão, como passámos a nossa noite nos Alpes.
Acho que nunca publiquei um post com tantas fotografias!
Acordámos quarta-feira, no quinto dia da nossa viagem, já em Chamonix. Como o meu mano vinha dormir connosco na noite antes da prova, tínhamos-lhe marcado um quarto ao lado do nosso, e escolhemos um hotel com piscina e sauna para ele poder relaxar.
O nosso hotel.- fotografias do site.
Para este dia tínhamos escolhido subir à Aiguille du Midi, e o Step into the Void.
A Aiguille du Midi é o pico que fica situado a 3842 metros de altitude no massivo do Mont Blanc dos Alpes franceses, é o mais próximo que nos podemos aproximar do do pico do Mont Blanc se não formos alpinistas.
A subida é feita do centro de Chamonix em gondolas. È uma subida um pouco assustadora porque vamos literalmente pendurados por cabos a balançar no ar.
Para as crianças é especialmente difícil, por isso não levem os vossos minis se lá forem.
A vista depois da tormenta da subida é realmente do outro mundo, mesmo para mim que detesto neve.
Da Aiguille du Midi temos também acesso ao “Step into the Void”, com o qual o meu Viking estava a sonhar desde começamos a planear esta viagem.
O“Step into the Void” é um espaço com paredes e chão de vidro a uma altitude de 3842 metros. Por baixo do chão de vidro estão 1000 metros de abismo.
Eu admito que estava tão gelada que talvez não tenha apreciado esta manhã nos Alpes tao bem como se estivesse bem agasalhada. Valeu-nos a cafeteria onde ainda bebemos um café com leite antes da viagem de volta a Chamonix, onde estava calor e imenso Sol.
Este era o dia antes da prova do Pedro e ele passou-o nos seus preparativos, nós depois de almoço e de um passeio por Chamonix fomos às compras ao Carrefour.
Chamonix – Agosto 2015 – 1 dia antes do TDS
Eu pronta para alimentar o meu Viking e possivelmente o mano durante a sua prova comprei tudo desde chocolate para fazer chocolate quente, café, pão, fruta, nutella, doces, até sopas daqueles que se fazem na caneca.
Comprei até termos!
Fomos buscar o meu mano e regressámos ao hotel para jantar e forçar o meu mano a descansar um pouco antes da prova.
Recolhemos aos quartos quase às dez da noite, o Pedro jantou frango com massa, sem molho, sem legumes, sem sobremesa. Eu para dar apoio moral comi apenas saladas. O viking comeu tudo a que tinha direito. Tinha de se alimentar porque ia passar as próximas trinta horas fechado comigo no carro Alpes acima Alpes abaixo.
“Pedro, tens de descansar….despacha-te!”
No seu quarto o Pedro fez connosco a sua mochila de apoio que nós íamos levar no carro, deu-nos os dorsais de acompanhante, e preparou-se para o dia seguinte. (A preparação. desde colar a “tatuagem” com o percurso no braço, a fechar-se com a barbeadora na casa-de-banho e sair com menos pelos no corpo do que eu, a embrulhar-se numa fita adesiva, penso que para ajudar a suportar os músculos, demora horas e eu vou-vos poupar aos detalhes, e à carga de nervos que apanhei a ver o tempo que ele ia descansar a passar….)
Eu voltei ao meu quarto à uma da manha, o Viking já a dormir.
O TDS a prova que o Pedro correu, começa cedo em Courmayeur em Itália e nós tentámos todos descansar tanto quanto possível, a grande aventura estava a aproximar-se.
Links para os episódios anteriores no fim do post.
Depois da maravilhosa tarde em Gruyères, o tempo mudou e chegámos a Lausanne debaixo de chuva torrencial.
Estacionámos em frente ao hotel onde íamos passar a noite, e mesmo com tanta chuva fomos dar um passeio pela cidade.
Jantámos num restaurante italiano, nada de especial, e regressámos ao hotel cheios de frio e um pouco desapontados com o tempo.
Para o dia seguinte tínhamos planeado caminharmos até Montreux e voltarmos de comboio a Lausanne, mas com tanta chuva não nos apeteceu andar 30 kms.
Era um passeio que com eu sonho desde a primeira vez que visitei esta região, e há até percursos à volta do lago Geneva, mas debaixo de chuva torrencial, não me parece que seja divertido.
Em vez disso e depois do pequeno almoço, decidiomos partir directamente para Chamonix, via Montreux, fazer o check in e conduzir até Geneva para visitar a cidade e ir esperar o meu mano ao aeroporto.
Montreux é um dos mais belos locais que já visitei. Lembro-me de ser adolescente e me sentar à beira do lago e pensar que se Deus existe, é aqui que passa as férias.
Valeu o dia pelos Alpes e pelas fotografias que conseguimos tirar nas poucas abertas da chuva. E claro por termos reencontrado o meu mano.
Tenho pena de não termos passeado mais por Geneva que é uma cidade tao bonita, fica para o ano!
Ai mas está a chover tanto… – Anda para a frente que não passamos por Geneva sem ver o repucho!
Depois de deixarmos o Pedro no apartamento que tinha alugado com os amigos, voltámos ao nosso hotel onde jantámos e passamos o serão a planear o dia seguinte.