A minha vida na Suécia · Ana - cozinheira · comida sueca · Peixe · Refeições light · refeições rápidas

Estarei livre? E a entrada para o jantar de dia dos namorados: Råraka com todos

Estava este ano planeado que não trabalharia no próximo fim-de-semana, o que sendo ou não dia dos namorados, é um motivo de festejos cá em casa.

Isto foi antes das notícias de que teremos banquetes sexta, sábado e domingo. O HC claro, disse-me com olhinhos tristes, “eu não posso mesmo vir”, nem  esperávamos outra coisa, ficamos nós, os de sempre a tomar conta destes eventos.

DSC_0634

O viking está um bocadinho aborrecido, mas para o animar fiz ontem um menu especial, que vou partilhar convosco durante a semana, o nosso menu para um jantar romântico.

A entrada é um prato tradicional sueco, que viram se nos seguem no instagram há umas semanas. Råraka com creme fraiche, endro, caviar e cebolas. É uma versao sueca da entrada russa feita com blinis, é mais rápida e muito mais simples de preparar. No fim do post há uma lista de receitas simples e rápidas que ao fazer um brilharete nos vossos jantares.

DSC_0632

Tradicionalmete usa-se um caviar a que se chama löjrom, é o que servimos no hotel, eu admito que nao sou grande apreciadora de caviar e em casa uso, “caviar vegetariano”, nao tem o mesmo sabor, mas adoro as bolinhas salgadas e fresquinhas. Penso que podem encontrar caviar sueco nas lojas ikea.

DSC_0630

Råraka com caviar, creme fraiche e endro

Ingredientes: (duas pessoas)

  • 1 batata grande ralada e bem espremida temperada com sal e pimenta
  • manteiga para fritar
  • creme fraiche
  • caviar
  • endro

cebolas vermelhas muito finamente picadas.

Preparação:

Aqueçam a manteiga e fritem pequenas panquecas feitas apenas com a batata ralada. Mantenham a temperatura média para evitar queimar a manteiga.

Sirvam com o caviar, endro, cebolas e creme fraiche. Tao simples!

Comer cebolas cruas num jantar romantico nao será boa ideia, mas li que se os dois comerem os mesmos ingredientes, não sentirão o cheiro a cebolas da vossa cara metade.

DSC_0635

Entradas:

Torta de ervilhas e salmão fumado

Waffles com salmão fumado

Vieiras com puré de girassol batateiro

Chevre chaud

Pratos Principais:

Sopa de peixe do Kramer

Salmão do nosso casamento

Risotto de beterrabas

Lombos com pommes Anna e puré de Brócolos

Tagliata de bife com salada e parmesao do Heston

Polenta cremosa com óleo de endro e queijo parmesao

Risotto de cevada e cogumelos

entradas · Peixe · refeições rápidas · vegetais e outros acompanhamentos

Skype, tecnofobia, cubo mágico e torta de ervilhas

A minha mãe, de quem vos falei há uns anos no post sobre uma história de terror (mãe, carrega em história de terror, está a azul, é uma ligação para outra página.), descobriu este domingo e via skype que eu tenho um sítio online onde escarrapacho a minha vida.
Será que eu em cinco anos, e vá dando o desconto do tempo em que a padaria esteve fechada, nunca lhe disse que tinha um blogue? Duvido.
A conversa foi a seguinte:
Mãe – Então estás muito cansada? Pareces cansada…tens uma borbulha no nariz já viste? ( como se não tivesse espelhos em casa…) Tens trabalhado muito? Como vai o restaurante? Trabalhaste ontem? O teu rapaz? Estás a descansar? O que estás a fazer?
Eu- Se lesses o meu blogue sabias tudo….
Mãe- E onde é que eu leio isso?
Eu- Chama o pai….

DSC_0019-2a

A minha mãe sempre foi um pouco tecnofóbica. Bem, para vos ser honesta, não sei se é tecnofobia se a grande dificuldade que tem em admitir que não sabe fazer tudo e que há coisas que alguém tem de lhe ensinar. Talvez seja apenas avessa a coisas novas.

Explico-vos. A minha mana e eu fomos as últimas miúdas a ter um cubo mágico, e foi o nosso pai que o comprou num sábado de manhã de compras na baixa, (na casa da borracha ou dos pneus, não me lembro o nome). A mãe claro foi contra, irritava-se com o som do cubo, e num dia que a minha mana e eu lutávamos pelo objecto, abriu a janela e atirou-o borda fora.

Eu fui com o meu pai (que tem uma paciência de Jó) na manhã seguinte desencantar o cubinho plantado entre as alfaces de uma hortinha que um vizinho tinha por essa altura nas nossas traseiras.

DSC_0011 (3)a

Até ao momento em que, penso que para nos provar o quão fácil era completar o quebra-cabeças, pegou no cubo. A minha mãe que em termos de teimosia/determinação é cem vezes pior do que eu, já não o largou. A minha mana e eu fomos proibidas de tocar no brinquedo, a minha mãe comprou um livro para aprender a resolver o cubo e passava todos os momentos livres agarrada a ele.
Noite após noite, adormecíamos com o som do qqqrrrr qqqqrrrr vindo do quarto dos meus pais, a minha mãe, na cama, de livro e lápis na mesa de cabeceira, cubo nas mãos.
Acordámos uma vez com os seus gritos “Consegui, consegui!”.
O cubo foi posto na estante, um monumento à enorme tenacidade da minha mãe, o Oscar da sua determinação.

DSC_0014a
A minha mãe não parece muito entusiasmada com o facto de eu partilhar a minha vida com os meus leitores, tal como foi contra a minha mudança de carreira, imagino que também não goste de blogues, mas se bem a conheço isto não vai durar.
Daqui a pouco tem um blogue maior do que o meu, vai começar a acordar às seis da manhã para ter tempo de cozinhar e fotografar com boa luz. Mais ninguém terá acesso ao computador, e ninguém poderá tocar na comida antes das fotografias serem aprovadas.

DSC_0017-2a

Domingo, enquanto conversávamos, tinha eu esta torta no forno. Gosto imenso de comer salmão com ervilhas, e ando a imaginar formas e receitas diferentes com esta combinação, esta é apenas a primeira.
Esta torta é leve e macia, e pode ser servida como uma entrada fria, ou prato principal acompanhada de mais ervilhas e um pouco de queijo fresco e óleo de endro ou menta.

Torta de ervilhas com salmão fumado e queijo creme

Ingredientes: (4 porções)
Torta:
100 gramas de ervilhas congeladas
3 ovos
50 gramas de farinha
4 colheres de sopa de água
S&P

Recheio:
Salmão fumado
Queijo creme

Para acompanhar
Ervilhas
Queijo creme
Óleo de endro ou menta

Preparação:
Aqueçam o forno a 150°C. Forrem um tabuleiro com papel vegetal e barrem-no com manteiga.
Cozam as ervilhas em água com sal. Escorram-nas e coloquem-nas em água gelada para manterem a cor. Triturem as ervilhas com a água e as gemas. Misurem a farinha peneirada e as claras batidas em castelo. Temperem com sal e pimenta. Coloquem o preparado no taubuleiro, alisem e levem ao forno durante aproximadamente 15 minutos, verifiquem se a torta está pronta com um palito, como se fosse um bolo normal.
Retirem a torta do forno. Eu costumo enrolar a torta imediatamente sem recheio, deixar arrefecer e depois cuidadosamente desenrolo a torta, coloco o recheio e volto a enrolar.
Sirvam com ervilhas e queijo creme.

Refeições light · refeições rápidas · vegetais e outros acompanhamentos · vegetariano

Saladas em pacotes e a “falha” do meu viking

Quando vivia em Portugal nunca comprava saladas já empacotadas e misturadas. Gostava de fazer a minha própria seleção, e manter vários tipos de alfaces e folhas variadas no frigorífico prontas a preparar as saladas que me apetecesse.

DSC_0185
Aqui, e desde que comecei a trabalhar em cozinhas, admito que mudei um pouco. Fazemos poucas refeições em casa. Eu deixei de ter tempo para as marmitas do viking, e acabo muitas vezes por trazer alguma coisa leve para comer do restaurante.
Com o frigorífico meio cheio, e quando notei que a fruta e os vegetais se começavam a estragar, aderi às embalagens muito mais pequenas, vegetais congelados e pacotes de saladas.

Este domingo, pedi ao viking que fosse ao supermercado do outro lado da rua para nos comprar manteiga e um pacotinho de salada. Foi asneira.
O meu marido é o melhor marido do mundo, um pai dedicado dos nossos meninos, nunca se esquece de aniversários, de datas de concertos, sabe que livros ou presentes me deve comprar, é calmo e educado, inteligente e com um fantástico sentido de humor.

DSC_0181

Mas na cozinha…… eu admiro-me como é que ele sobreviveu antes de me conhecer. (diz-me que sabia cozinhar, mas ao longo destes anos foi-se esquecendo, eu finjo que acredito.)

No domingo chegou a casa com um “pacote de salada”, constituído por dois tipos de couve estilo couve-portuguesa, e alho-francês.
O pacote dizia também que devíamos saltear o produto antes de o servir. Notem bem, o meu marido é sueco, vive na Suécia, sabe ler a sua língua, penso eu.
Não estamos a falar de um imigrante turco que coitado foi às compras e sem perceber nada do que estava escrito no pacote nem reconhecer as verduras do país, trouxe para casa couves em vez de alface.

Eu não me deixei abater, passei as folhas por água, temperei-as com azeite e vinagre e comi-as ao jantar, ou, como devem imaginar, ruminei-as enquanto o viking devorou as suas almondegas.

Ainda tenho mais de meio saco de couves que vão acabar em sopa, mas para o meu almoço de hoje e jantar do marido, fiz uma polenta cremosa com óleo de endro, queijo e as bem-ditas couves.

DSC_0189

Dizem-me por vezes que a polenta não tem sabor, e é um pouco verdade. Este é um ingrediente que precisa de ajuda, um bom caldo de legumes, queijo, manteiga….

Para a vossa polenta devem utilizar as indicações da vossa embalagem no que diz respeito a proporções e tempo de cozedura.

Ingredientes:
Polenta
Caldo de cogumelos
Azeite
Sal e pimenta
Queijo parmesão ralado
Manteiga
Óleo de endro
Couves compradas por engano pelos vossos maridos.
Preparação:
Fervam o caldo de cogumelos, acrescentem a polenta e cozinhem em lume brando mexendo sempre, ou quase sempre.
Ao mesmo tempo escaldem a couve um par de vezes, escorram e salteiem num pouco de azeite.
Quando a polenta estiver cozida, misturem um pouco de manteiga e queijo ralado.
Sirvam com as couves, mais queijo parmesão e um pouco de óleo de endro.

Ana - cozinheira · cremes, dips, snacks e molhos salgados · More soup for you! · Peixe · refeições rápidas · Restaurantes

A mania da economia

Como certamente sabem, nos restaurantes como em nossas casas, nada se deita fora. (A não ser que um chef mais distraído ou porquinho se esqueça de uma tabuleiro de filé mignon no frigorifico até eu dar com ele já a mudar de cor.)
Num outro post hei de contar-vos como calculamos o custo dos pratos e de como tudo ou quase tudo numa cozinha deve ser aproveitado, mas hoje deixem-me falar-vos da nossa sopa de peixe.

DSC_0150

A sopa de peixe no nosso restaurante é o equivalente aos rissóis em nossas casas, um prato para aproveitar as sobras de peixe que temos quando filetamos e cortamos em porções peixe para o almoço e o à lá carte.

Devia ser um prato com custo zero em proteína, rápido de preparar e que fosse o mais económico possível, mas claro que não é.

E não é porque tudo, do caldo de lagostim ao óleo de endro é feito por nós e demora horas e horas.
O head chef teve também a ideia peregrina de acrescentar camarões à sopa e portanto o que começou como um prato de aproveitamentos, o que aproveita na realidade é o peixe, tudo o resto é comprado e preparado unicamente para a sopa.

DSC_0149

Ainda assim esta é uma sopa excelente, está no menu há um ano e é um dos pratos que mais vendemos. (O head-chef nega-se a tirar a sopa do menu porque ainda não se lembrou de outro aproveitamento para o peixe, e nós continuamos a ferver panelões sem fim de cascas de lagostins.)

Qualquer dia partilho convosco as nossas receitas de caldos: peixe, lagostim, vitelo, galinha… todos feitos no restaurante, mas tenho pensado que fotografias de enormes panelas cheios de ossos a ferver talvez não façam as fotografias mais bonitas.

DSC_0144

E a receita, ligeiramente adaptada às cozinhas caseiras.

Ingredientes: (4 pratos)
1 litro de caldo de lagostim ou lagosta (comprem já feito, de loucura já basta o restaurante)
2 dl de Vinho branco
Óleo ou azeite
200 gramas de uma mistura de cenouras, cebolas e funcho picados
Peixe e camarões a gosto
Batatas cozidas
1 litro de leite (ou uma mistura de leite e natas)
Sal e pimenta
Folha de louro
Sementes de endro
Sementes de coentros.
1 colher de sopa de pasta de tomate

Óleo de endro:

O mesmo peso de endro fresco e óleo alimentar neutro.
Preparação do óleo

Esta receita é ideal para quem tem uma bimby. De outra forma um copo misturador também serve.
Batam os ingredientes até conseguirem um óleo verdinho e lindo se tiverem a bimby, aqueçam este óleo até 73 °C.
Passem por um passador fino e um pano limpo de cozinha, guardem num frasco bem fechado nos vossos frigoríficos.
Preparação da sopa:
Salteiem os legumes e os aromáticos num pouco de óleo. Acrescentem o puré de tomate. Juntem o caldo de lagostim e o vinho branco e deixe reduzir até deixarem de sentir o álcool. Passem todo este preparado por um passador de rede fina.
Deitem fora os vegetais e aromáticos reservem apenas o líquido.
Levem o líquido que reservaram ao lume, acrescentem as natas ou leite e retifiquem os temperos, Antes de servir juntem o peixe (que coze muito rapidamente) as batatas e os camarões.
Sirvam com o óleo de endro e endro fresco.