Antes de começar, relembro que estão a decorrer os passatempos convidei para jantar e vida de blogger, vejam as datas limite na barra à direita.
Poderá haver um sábado mais complicado do que o jantar dos maçons de que vos falei há umas semanas?
Sim. Mais difícil do que um banquete de três pratos para 150 pessoas no edifício dos maçons, é um buffet para 80 directores do grupo scandic que em vez de fazerem a sua festa num hotel com uma cozinha em condições, decidiram alugar a sala de festas da loja maçónica e obrigar-nos a trabalhar numa cozinha minúscula e sem condições.
Raramente me senti tão exausta depois de um serviço como sábado passado.
Nunca a enorme falta de organização do meu HC esteve tão patente, nunca os chefs se sentiram tão perdidos. Como esta noite não acabou com uma revolta e gente esfaqueada é ainda um mistério para mim.
O menu do buffet não tinha fim, canapés, aperitivos, buffet frio, buffet quente, sobremesas, pães feitos por nós, tábuas de queijos, e mais comida para ser servida durante a noite para ajudar a ensopar as copiosas quantidades de álcool que consumiram durante horas.
Uma refeição destas demora uma semana a preparar, sei eu, sabem bem todos vocês que quando organizamos uma festa, fazemos um plano de ataque e vamos começando a cozinhar com antecedência e até a congelar algumas coisas.
O HC aparentemente não sabe, ou não quer saber porque no fim, e quando a porcaria acerta na ventoinha, basta telefonar e corremos todos para o ajudar.
O menu foi escolhido para impressionar os directores dos outros hotéis e os patrões dos nossos patrões.
E só para terem um ideia posso dizer-vos que foram servidos pratos como leitão recheado com pato, molejas panadas em porco crocante, pommes royal, pithiviers de galinha, pommes parisiennes, cabrito assado, frango confitado, mousse de salmão….
Para poder preparar e servir tanta comida em tão pouco tempo trabalhámos em três cozinhas e para além da nossa brigada habitual que estava toda nos restaurantes, foi chamado um chef extra.
E já estão a ver o que é tentar organizar o trabalho a decorrer em três cozinhas ao mesmo tempo, sem um plano definido e com metade dos ingredientes no Kramer e metade no Stortorget.
Passámos o dia e a noite a correr entre os hotéis e escada acima, escada abaixo nos maçons. Toda a operação guiado via telemóvel pelo HC que tinha num papelinho uma lista de tarefas a distribuir.
Algures en route entre o triângulo das Bermudas Kramer/stortorget/ maçons, o papelinho perdeu-se, o que só veio ajudar a já fantástica situação em que estávamos a trabalhar.
Tempo para comer ou fazer uma pequena pausa nesta maratona também não houve, alimentámo-nos de café, red bull e adrenalina.
O ponto mais alto da loucura ocorreu quando eu tive mesmo de ir à casa de banho e o HC me telefonou pela centésima vez.
HC – Onde estás? Onde estás? O que estás a fazer?
Eu – Estou na casa de banho a fazer **i**i , dás-me licença?
Mas ele não me deu licença, isto até parece mentira, e em vez de se desculpar e telefonar mais tarde, continuou….continuou! comigo sentada na casa de banho!!!
HC – Ana, mas estás no Storgorget? Encontraste os dois quilos de chocolate, já foste buscar os ananases? Tens a mousse de salmão pronta? Precisamos de 3 pratos vegetarianos, faz qualquer coisa, preciso de tudo em vinte minutos no buffet.
Tanto os outros chefs como eu estamos estourados, os meus pulsos e tornozelos triplicaram de volume, o Nickas mal se pode mexer porque tem um problema nas costas e passou a noite a carregar tabuleiros e caixas de comida escada acima. Na próxima reunião vamos ter uma conversa séria com o HC, basta de loucura.
A receita de hoje é muito simples, e a avaliar pela quantidade de pão que tivemos de fritar, já durante o serviço, foi a entrada favorita dos nossos convidados de sábado. (E provavelmente o prato mais simples de todo o buffet)
O pão embora seja frito, fica sequinho e crocante, é uma delicia. No sábado servimos estes rolinhos de pão apenas com um dip de ervas, mas ontem ainda tive força de fazer também um pouco de tapenade para o viking.
Aproveito antes da receita para vos perguntar acerca de molejas. Esta peça de carne é comum em Portugal? Pode comprar-se no talho? Aqui só se encontra em restaurantes, mas se tiverem curiosidade em aprender como limpar e preparar as molejas, peço ao HC que me deixe trazer umas para casa para vos mostrar.
Aqui fica a receita do pão.
Sticks de pão de alecrim com dip de ervas e tapenade
Vejam a minha receita de tapenade aqui.
Ingredientes:
Pão:
25 g de fermento de padeiro fresco
1 colher de chá de sal
0,6 dl de água
2 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa de alecrim fresco picado finamente
Farinha de trigo para pão q.b.
Preparação:
Dissolvam o fermento num puco de água. Acrescentem a restante água, o sal, o azeite e as ervas.
Misturem tudo e aos poucos vão adicionando a farinha e amassando até obterem a consistên-cia de uma massa de pão.
Deixem a massa fermentar até duplicar de volume.
Antes de servir rolem a massa em rolinhos e fritem numa fritadeira ou tacho com bastante óleo, demora menos de 1 minuto! Escorram bem, salpiquem com sal e sirvam.
Entretanto preparem a tapenade e o dip
Dip de ervas
Ingredientes:
Ervas frescas esquecidas no frigorífico ou congeladas
Óleo alimentar de sabor neutro ou azeite de boa qualidade
Queijo parmesão ralado
Raspa de casca de limão
Alho ralado
Sal e pimenta
Preparação:
Ui, agora é que vem a parte complicada, preparem-se!
Misturem tudo num copo misturador ou com a varinha mágica, reservem.
Ana, nem sei o que são molejas… serão moelas?
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Loucura mesmo Ana!!
O teu HC tem mesmo de levar un arrepio, pois iso não são condições e trabalho para ninguém e um banquete dessa envergadura tem de ter preparação pensada e antecipada.
Esta tua sugestão é fabulosa.
Adorei o dip de ervas que hei-de fazer e a tapenade adoro e faço muitas vezes. O pão deixou.me curiosa pelo facto de os sticks serem fritos e achei super interessante.
Um beijinho e boa semana para ti,
Lia
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Hã e as mollejas, eu nunca comprei mas aqui há um talho em Edimburgo que tem essas maravilhas todas,mas não tenho curiosidade em experimentar glândulas de vitela sinceramente…
É bom?
Beijocas,
Lia
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Olá bom dia Ana,
realmente é de loucos… mas só prova que a falta de organização resulta nisso…
Gostei muito da receitinha do pão frito, não conhecia mas fiquei curiosa!
Quanto à molejas, sei o que é no entanto nunca comi nem comprei, aliás nem sei onde se vende…
Bjs e boa semana
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Obrigada Mary! pessoalmente nao gosto de molejas, mas se algum leitor estivesse muito interessado….
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Ana, em Portugal só com um talhante amigo é que se consegue,pedidndo, e mesmo assim com resultado duvidoso, arranjar molejas.
Aliás, dobrada, túbaros, sangue,pés de borrego, dificilmente se encontra.
Damo-nos ao luxo de desperdiçar metado do animal, lombos, vazias , alcatras…é que é bom….!
Já agora deixe-me acrescentar, que molejas, tanto quanto julgo saber, tanto pode ser a tiróide, como o pâncreas, como a gordura que envolve o intestino, depende da zona do pais.
Bom trabalho e que essa energia, nem que seja com red bull, não se esgote
Isabel
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Uaaau de cada vez que venho aqui sinto uma maior admiração por ti 😛
Tem aí pratos que nunca imaginei que existissem. Leitão recheado com pato? Estraaanho 😛
Qual é a diferença entre pommes royal e pommes anna? Foste tu que fizeste na mesma? 😛
Mousse de salmão? Isto é demasiado requinte para mim!
Hahaha não estás imune em lado nenhum 😛
Os teus pulsos acabam sempre por sofrer!
Que sorte que tenha sido o prato mais simples de todo o buffet, se tivesses de fazer mais de outro seria pior ainda… Parece mesmo bom, acho que percebo por que foi o favorito 🙂
Hmmm nunca usei molejas, mas não sou experiente nesta área, por isso não sei…
Adorei o prato, deve ficar uma delícia 🙂
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Acabei por não fazer a pergunta que queria e, que é: Aí as molejas, são que parte do bichinho?
Isabel
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